Gosto das mulheres que envelhecem,
com a pressa das suas rugas,
os cabelos caídos pelos ombros negros do vestido,
o olhar que se perde na tristezados reposteiros.
Essas mulheres sentam-se nos cantos das salas,
olham para fora, para o átrio que não vejo, de onde estou,
embora adivinhe aí a presença de outras mulheres,
sentadas em bancosde madeira, folheando revistas baratas.
As mulheres que envelhecem sentem que as olho,
que admiro os seus gestos lentos,
que amo o trabalho subterraneo do tempo nos seus seios.
Por isso esperam que o dia corra nesta sala sem luz,
evitam sair para a rua, e dizem baixo,
por vezes, essa elegia que só os seus lábios podem cantar.
Nuno Judice
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home